Doping: governo diz que "futebol espanhol está limpo"

A notícia dando conta de que o Real Madrid iria exigir controlos "sérios" na Liga de futebol e as alegadas suspeitas sobre o Barcelona e o Valência geraram forte polémica e levaram o secretário de Estado do Desporto de Espanha, Jaime Lissavetzky, a insistir que "o futebol espanhol está absolutamente limpo".
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"A mim não chegaram queixas sobre os controlos. Em Espanha assumimos muito seriamente a luta contra a dopagem e em todos os desportos seguimos as normas que se seguem a nível mundial. Não há diferenças entre uns e outros. O desporto espanhol está na vanguarda nestes aspectos", afirmou o governante de um país que registou dos dois mais recentes e mais polémicos escândalos de doping, com o desmantelamento de redes que serviam o desporto profissional, através das operações Galgo e Puerto, levadas a cabo pela Guarda Civil.

Lissavetzky considera que estas investigações policiais são o "claro exemplo de que não se tapa nada" em Espanha. "Creio que há uma percepção positiva desde o exterior. Espanha realizou um total de 47 operações policiais, demos uma volta como uma peúga à política antidopagem. (...) Onde não há operações é porque não há políticas antidopagem", vincou, citado pela Europa Press, adiantando que o que é necessário é que "a justiça penal tenha mais rapidez e esteja harmonizada com a justiça desportiva".

Presente na assinatura do convénio de colaboração entre a Fundación Deporte Joven, do Conselho Superior de Desportos, e a Fundación Real Madrid, Lissavetzky lembrou que há desportos, nomeadamente as ligas profissionais dos EUA (basquetebol, basebol e futebol americano), que "nem sequer assinaram o código mundial antidopagem subscrito pelas federações internacionais de futebol [FIFA] e basquetebol [FIBA]". "[Em Espanha] Há uma série de controlos que se realizam com absoluta normalidade, que respeitam as normas que seguem as da UEFA e FIFA", assegurou, citado pelo jornal ABC.

A polémica teve origem numa notícia da Cadena Cope, segundo a qual o Real Madrid pedira à Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) controlos de doping muito "mais sérios" que os actuais, que o clube considera serem uma "piada", e atenção aos médicos de "reputação duvidosa" que trabalham para o Barcelona. No programa apresentado pelo jornalista Juan Antonio Alcalá foram referidos os suplementos administrados aos jogadores do Barça após os treinos e os dois títulos obtidos pelo Valência, treinado por Rafael Benítez e que contava com a colaboração, ainda que não oficial, do médico Eufemiano Fuentes, o cabecilha das redes de dopagem dos casos Puerto e Galgo e que acaba de assumir oficialmente a direcção clínica do Universidad de Las Palmas, clube da II divisão B.

Perante a reacção vigorosa do Barcelona e do Valência, o jornalista pediu perdão, mas não recuou na notícia: "Talvez tenha pecado por ingenuidade. Fizeram-me chegar uma informação desde o Real Madrid e transmitia-a. Se tenho de pedir perdão e por-me de joelhos fá-lo-ei", disse Alcalá. Uma reacção que se segue à "absoluta indignação" por parte do Barça, que exigiu à rádio a rectificação das "graves insinuações difundidas" e disse que os serviços jurídicos já estudam formas legais de defenderem a honra do clube, dos jogadores, técnicos e médicos.

Uma postura semelhante foi adoptada pelo clube catalão quando há alguns anos o Le Monde noticiou que Fuentes tinha prestado serviços ao Real Madrid, Valência, Bétis e Barça. O jornal francês disse que o médico no centro da Operação Puerto tinha elaborado "planos de preparação" para estes clubes nos quais era recomendado o uso de dopantes (anabolizantes, IGF-1 sintético, eritropoietina e transfusões sanguíneas). O Le Monde escreveu que os planos estavam na casa do médico nas Canárias, não revistada pela Guarda Civil, e o artigo acompanhava uma entrevista a Fuentes na sua residência naquele arquipélago. O polémico clínico recuou nas suspeitas Barcelona ganhou a batalha judicial contra o jornal, por difamação.

A polémica recente ganhou ainda maiores dimensões porque só nesta terça-feira à tarde é que o Real Madrid desmentiu a notícia da Cadena Cope. E mesmo assim não o fez publicamente. Foi o porta-voz do Barça, Toni Freixa, que, segundo a EFE, anunciou que o presidente madridista, Florentino Pérez, telefonou ao seu colega do clube catalão, Sandro Rosell, a assegurar que o Real não está por detrás da informação difundida por Juan Antonio Alcalá. Mas o jornalista insiste que a informação foi obtida "numa série de conversas com gente dos departamentos directivos madridistas".

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